sábado, 6 de fevereiro de 2010

Grupo A: Império da Tijuca promete abre-alas de mais de 40 metros

Não basta um carro alegórico ser grande. A alegoria precisa ter acabamento, boa iluminação, bom gosto no uso de cores e passar a informação do enredo de maneira clara. No entanto, com a grandiosidade que o espetáculo das escolas de samba se tornou, ter um carro alegórico grande ajuda a chamar a atenção do público e principalmente do jurados. Se for por isso, o Império da Tijuca já sai na frente. O abre-alas da escola mede 41 metros, dividido em dois chassis. Campeão no Grupo A pela União da Ilha no ano passado, o carnavalesco Jack Vasconcelos traz o enredo sobre a história de N'Jinga M'Bande Ya N'Gola Kiluanji Kya Samba, ou simplesmente, a na nossa Rainha Jinga. Vinda de uma linhagem de reis, sua vida é contada como se fosse uma grande epopeia pela escola do morro da Formiga.

- No primeiro momento, nós situamos ela na importância da história. A rainha Jinga é envolvida em uma lenda. Dizem que feiticeiros profetizavam o nascimento dela e ela viria para lutar contra os tempos ruins que estariam por vir no território africano. A entrada da escola é esse tempo negro. Temos dois chassis no abre-alas: na parte da frente temos a coroa do Rei (pai de Jinga), e os tempos negros envolvendo essa coroa. É um carro mais escuro. Há 68 figurantes que representam a morte a partir de uma teatralização - explica Jack Vasconcelos.

E de fato, os tempos negros chegaram através do oceano. Os portugueses começam explorar a região durante o governo de N’gola M’bandi, irmão de Jinga, já que seu pai havia falecido. Ela é enviada para tentar conciliar um acordo com os portugueses, mas por trás, Jinga arma um golpe contra o irmão. Esta será a segunda alegoria.

- Em momento algum, ela foi com uma postura inferior. Na verdade, a Jinga arma uma chega triunfal em Luanda. Ela faz uma escrava um assento para se acomodar na reunião, porque não havia lugar para ela sentar. É uma passagem importante no enredo e mostra a personalidade dela. No final, ela se converte ao catolicismo e volta para sua aldeia com frades para espalhar a fé católica. Depois, ela envenena o irmão e rompe com a Igreja. O objetivo dela é se tornar rei, rei mesmo. A Jinga se veste de homem porque na cabeça dela só assim ela seria respeitada. No terceiro carro, nós trazemos jóias, felinos, tudo que ela gostava. Reproduzimos peles de animais para revestir o carro. Na parte da frente ainda da alegoria temos o palácio e no fundo os holandeses, com quem ela se uniu.

Neste mesmo setor, batizado de "O Rei sou eu", uma ala será o harém da rainha com os seus cem maridos, vestidos de mulher. Já a bateria será "O Exército do Rei Jinga". No entanto, após trinta anos com o poder absoluto, Jinga acaba sendo capturada e assassinada. A quarta alegoria pretende reproduzir um grande quilombo, local de resistência e luta contra os colonizadores. Antes de morrer, a rainha conseguiu ainda unificar povos distantes que hoje formam o território de Angola.

- Esse carro é feito de fibras naturais, palha e sisal. É o único setor que vamos usar palha e o carro vai ser meio avermelhado para simbolizar as guerras e lutas.

O final do desfile chega ao Brasil, país que recebeu escravos com suas histórias e mitos. A rainha Jinga acabou originando outras rainhas, como a do maracatu, Moçambique, marujada.

- A figura dela ainda passa pelo sincretismo e ela é vista como a Yansã.


FONTE: SIDNEYRESENDE.COM

Nenhum comentário: